NO VÃO DA ESCADA #1 - Afinal pode fazer-se luz!

Toda a mudança traz... precisamente mudança. Ou quase sempre, para os menos letárgicos, pelo menos. Numa situação de pandemia, como a maioria nunca viu, mas possivelmente voltará a ver (infelizmente, para mau agoiro), a agonia - será mesmo a palavra - obriga a tomar medidas, a sair da zona de conforto. Sair da zona de conforto, processo tão importante, mas realmente só operacionalizado quando o estado é verdadeiramente caótico e a desgraça toca à campainha (e daqui a uns tempos às smartdoors).

Compilações e covers sobre o assunto, originais também, concertos online gratuitos, concertos online pagos e... muito falatório (e pânico) em torno desta mui nobile profissão e do que restará dela. Claro que restará, como a todas as outras. Em que moldes? Talvez já vejamos algumas luzes ao fundo túnel. Como alguém já disse (totalmente coberto de razão), o Homem é um animal de hábitos. Outro, o de voz robótica - saudoso, minha nossa, que falta faz - e muito esperto por sinal, dizia que "a inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança". E diria mais: precisamos de mais profetas. Aliás, o Nostradamus não devia ser alucinado; eventualmente a sua experiência de vida permitia-lhe antever muitas situações que acabavam por ser óbvias, atendendo à natureza do comportamento humano e à natureza com "N" grande (por acaso não as conheço bem; será que disse muitos absurdos?).

Resumindo, é por um lado muito positivo que esta situação de calamidade e consequente paragem (demorada, é verdade) de reflexão, das poucas que o ser humano pode ter neste simpático modelo de sociedade capitalista (escravizante, alguém falou?), de rotina desenfreada, em que interessa tudo menos pensar, as coisas comecem a tomar um rumo que, esperamos, possa ser apenas um ponto de viragem. Tudo depende da perspectiva. Será (às custas de muita convulsão e mortes - paz às suas almas; como lamento)?

O que nos ocorre agora é: hoje posso ver com facilidade uma banda a tocar ao vivo na sua sala de estar ou de ensaio no meu smartphone ou tablet. Até não me importo de pagar (vai começar a ser assim, de certeza, e é justo). As bandas, as mais pequenas, principalmente, talvez achem piada e vejam uma inteligente maneira de, ainda assim, chegarem a uma plateia maior (isso do ver a reacção do público e ouvir as palmas fica para ocasiões especiais). Mesmo assim, porque não? Acho que na era digital este cenário até já podia estar montado há mais tempo. Bem sabemos, parece piroso ou constrangedor à primeira. Mas que se dane. Chegaríamos lá na mesma.

Os concertos de carne e osso? Bom, estes serão MESMO especiais doravante. Cada vez mais "elitistas", mas especiais - caso o "caso" se perpetue. E com a crise intrínseca, porventura ainda mais caros, um verdadeiro objecto de luxo. Bom, não é necessariamente mau. Funciona assim com tudo - é a lei da oferta e da procura (a malvada).

O que interessa realçar no meio disto tudo é que é bonito ver-se as pessoas a mobilizarem-se e a procurarem soluções. Isto é o ser humano a adaptar-se, a usar a pujante (tantas vezes traiçoeira) máquina que tem implantada no crânio... ou será simples instinto de sobrevivência? Interessa pouco. Persiste no momento - lado a lado com a incerteza e o receio - a ideia de que, afinal, as coisas podem melhorar. Baixam-se os preconceitos, os neurónios fritam e o resultado poderá ser revolucionário e, quiçá, mais democrático.

Se nada der certo e daqui a uns tempos nos rirmos da situação? Sem vacina é dramático, mas rir também pode ser um bom remédio. Valeu, como dizem os brasucas (e está valendo - parabéns aos inconformados).  

EM NOME DO BOMBO!

PS: Para isto não ficar muito maçudo e inestético, aqui fica um tema que até gostamos e até fala de luz!

1 comentário:

  1. Ja tinha saudades de ler algo tao certo, concordo plenamente. Excelente. Carrega no bombo. A banda da r.... ja tem bombo

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