Pedro Andrade: «Considero o jazz o estilo mais difícil de tocar»
Pedro Andrade, 56 anos, é destacadamente um dos músicos mais talentosos, experientes e versáteis que o meio artístico açoriano viu nascer. Com mais de 40 anos de carreira, o baterista nascido em São Miguel é um apaixonado por heavy metal, mas assume a música sem fronteiras como respaldo para a sua insaciável convivência com a arte.
Iniciou-se com os STRESS por volta de 1982, tinha então catorze anos, e desde aí não parou. Seria quase fastidioso enumerar todos os projectos de que fez parte, mas é imperativo sublinhar que, entre ilustres consagrados e respeitáveis anónimos, actuou, por exemplo, ao lado de Jorge Palma e Flak, dos RÁDIO MACAU. Noutros recantos da memória, um longínquo concerto na Queima das Fitas, em Coimbra, com os REBELDES, aviva-lhe o maior nervosismo que já sentiu em palco – tal era o mar de gente -, enquanto experiências com orquestras em espectáculos infantis e coros eruditos lhe invocam momentos de particular prazer e nostalgia. Também actuou no CCB, em Lisboa, com os BUTEO BUTEO ROTHSCHILDI, e viveu a sua maior aventura musical, pelo menos em termos geográficos, num concerto realizado nos Estados Unidos, em 1994, com os DEFRONT. No entanto, foi provavelmente com os MORBID DEATH que se tornou uma das maiores figuras do meio musical açoriano.
Em entrevista transmitida ontem no programa Malta da Pesada, Pedro Andrade referiu que é mais fácil abrir caminho com o rock do que com o metal. “Sim, no sentido em que existiu primeiro do que o metal. Foi o abrir de portas para todas as derivações – o hard rock, o hard’n’heavy. Mas acho que sim, se calhar o rock tradicional, em geral, acaba por ser mais ouvido do que propriamente o metal. A oferta de estilos é muito grande e a tecnologia pode também ter influência a nível do quanto é fácil lançar na net trabalhos. No entanto, acho que se deve preservar a magia do disco físico, do DVD, do vinil ou até das cassetes.”
Entre inúmeros pontos de interesse da entrevista, Pedro Andrade considerou o jazz o género mais difícil de tocar, "provavelmente, mais do que o clássico", mas reconhece não ter tempo para se dedicar ao género. Todavia, pelas experiências que trocou com Mário Laginha e André Sousa Machado, e pelas acções de formação que frequentou em Angra do Heroísmo, admite que o género se tornou influente na sua forma de tocar. “Provavelmente, sim [moldou a minha formação enquanto músico], porque é um estilo muito disciplinado.”
Actualmente, Pedro Andrade dedica-se à banda de versões BANDA LARGA e ao projecto JAIME GOTH, além de ser convidado nos DRVZKA. Sobre estes últimos, afirma que a sua participação como membro efectivo “está a ser estudada”, mas reconhece não ter muito tempo disponível.
